Equivalents II, Goerge Legrady, 1993 [1]
Eternal objects are thus, in their nature, abstract. By ‘abstract’ I mean that what an eternal object is in itself – that is to say, its essence – is comprehensible without reference to some one particular occasion of experience. To be abstract is to transcend particular concrete occasions of actual happening. But to transcend an actual occasion does not mean being disconnected from it. On the contrary, I hold that each eternal object has its own proper connection with each, other such occasion, which I ·term its mode of ingression into that occasion. Thus an eternal object is to be comprehended by acquaintance with its particular individuality, its general relationships to other eternal objects as apt for realisation in actual occasions, and the general principle which expresses its ingression, in particular actual occasions. [2]
Les Goldschlager e Andrew Lister definem algoritmo como “a descrição do método pelo qual uma tarefa deve ser realizada”, sendo “o conceito unificador de todas as actividades em que os cientistas da computação se envolvem”. [3] Um algoritmo é uma abstracção, é uma sequência de instruções para resolver um problema. A sua linguagem incorpora uma estrutura de comando que direciona a programação. Assim sendo, não existe computação sem algoritmos, e portanto, interactividade com os sistemas computacionais.
A formalização de um algoritmo tem como objectivo separar a expressão formal do conteúdo material. Foucault vê o algoritmo como um Statement, que, ao contrário da linguagem pura, não se refere apenas à sintática e à semântica de uma linguagem. Para Foucault o Statement não é apenas uma declaração ou uma proposição, mas sim uma rede de regras que ditam o que é significativo, sendo elas as condições prévias que dão significado às declarações/proposições. [4]
Sendo que o algoritmo requer um alto nível de abstracção, de modo a que possa ser aplicado a diferentes conteúdos, torna-se difícil fazer uma análise pragmática da sua linguagem. É difícil compreender o lugar do algoritmo num processo que se movimenta entre a máquina e o humano. Mas obviamente os algoritmos não trabalham sobre o vazio, trabalham sobre dados, e estes sim, são formais. Goffey diz que a análise de um algoritmo, do seu contexto cultural, pode ser vista como a crítica da abstracção, da desmaterialização. O algoritmo é “a personificação conceptual da racionalidade instrumental dentro de máquinas reais”. Mas por outro lado, os algoritmos contém algo que refuta a desumanização da abstracção: uma estrutura hierarquizada.
Algorithms act, but they do so as part of an ill-defined network of actions upon actions, part of a complex of power-knowledge relations, in which unintended consequences, like the side effects of a program’s behavior, can become critically important. Certainly the formal quality of the algorithm as a logically consistent construction bears with it an enormous power—particularly in a techno-scientific universe—but there is sufficient equivocation about the purely formal nature of this construct to allow us to understand that there is more to the algorithm than logically consistent form. [3]
[1] Equivalents II é uma instalação interactiva que explora o potencial do texto como fonte de criação de imagens orgânicas abstractas, através de um algoritmo. Os utilizadores são convidados a gerar as suas próprias imagens escrevendo frases à sua escolha. Ver projecto em http://www.georgelegrady.com/
[2] WHITEHEAD, Alfred North, Abstraction in Science and the Modern World, Pelican Mentor Books, EUA, 1948
[3] GOFFEY, Andrew, Algorithm in Software Studies, Matthew Fuller (editor), MIT Press, Massachusetts, 2008
[4] Ideia expressa em FOUCAULT, Michel, The Archaeology of Knowledge, Éditions Gallimard, França, 1969